Há algum tempo que um segundo álbum de uma banda rock brasileira não provocava tamanha expectativa no cenário musical do país, talvez porque a muito não se via uma grande banda com um só disco, título esse que os irmãos acreanos dos Los Porongas acabaram de perder com o lançamento do já homônimo segundo trabalho da banda, que já nasce um clássico, com dois singles e um sugestivo título endereçado categoricamente aos fãs que por mais de quatro anos permaneceram no doce silêncio ouvindo e sentindo a música da floresta.
“O Segundo Depois do Silêncio” impressiona primeiramente ao levar os não músicos aquele inebriante sentimento de completa ignorância musical, quando você não sabe como nem porque, mas aquilo tudo junto baixo, guitarra, bateria, harmonia, empatia é muito bom. Neste segundo disco é evidente aquela intenção de como os Los Porongas gostam de fazer música, o bom e velho rock que em meio riffs lancinantes instigam quem ouve em interesse, e o leva imediatamente ao reino do pensar, no exercício de tentar extrair algo de diferentes temas tão batidos como Vida, Amor, Tempo, Mundo, isso só pra citar alguns dos escolhidos pela banda, sem pretensão de novidade ou descobrimento, só pelo o simples deleite de transcender a si.
Fato é que os camaradas nortistas têm identidade, um “modus operandi” próprio e único até então e com o segundo disco isso ganha extensão, o que é natural, pois algum tempo passou, um lugar novo para morar e tentar viver de música apareceu para João, Jorge, Marcio e Diogo, e tudo que acontece em tempo de transição aconteceu.
O segundo álbum começa com “Fortaleza”, que grita e questiona a inércia do não agir por bem, mais sem saber bem; agarrar-se a solidão com escudo; o conforto que é não agredir: “Que amigos eu já não sei quem são/ do que foi que me esqueci por indelicadeza/(...) Como é que vão dizer o que não é/ e você vai ficar calado”. Vale nota determinado elemento surrealista, marca registrada do primeiro disco: “Quem vai poder plantar as flores que nascem na cabeça”. Em “Cada Segundo” e “O Lago” divagar sobre a relação escolhas/tempo e suas varias possibilidades é a brincadeira. Como conflitos amorosos cantados, duas faixas fazem justiça a ótima fase da musica nessa temática “O Silêncio” e “A Verdade”: “O amor só não me satisfaz/Quando muito é muito pouco”.
Há quem diga que um disco deve ter equilíbrio, redondo para que todo soe como um, sem músicas muito inferiores ou superiores as demais, bem se esse for o caso, temos um problema aqui, e o nome dele é “Sangue Novo” a obra-prima incontestável, guitarra emocionante, grito de gênio poeta do rock. “Bem longe” é música de observação da grande metrópole, manter a sanidade, passagem veloz e indiferente com direito a apelo religioso. Por fim um pouco da boa dialética ocidental em “Dois lados” com direito a entrada de metais só pra arrancar aquele último suspiro: “Se o mundo não girar/Que lado vai ficar/ Escuro/Quando tempo duro?”.
Um belo início de ano para música brasileira e que venha outros. Para os Los Porongas que venham novos lugares, amores, pessoas, músicas, um novo silêncio que por aqui temos muito a pensar pelos próximos anos. Por Ubiraci Neto
João e Ubiraci em Marabá
Concordo plenamente com tudo!!!! Esse cd foi feito e pensado com o maor que eles têm pela música e isso que é o melhor e que faz do Los Porongas uma banda encantadora!!!!
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